Esquadrinhadoras de alma
Então, amiga…
Num momento foi uma, depois se multiplicaste…
Cantei-vos num momento ímpar da vida. Hoje já não é mais este, tão ímpar assim.
Tudo segue e segue muito rápido. Ontem ainda contava as pedrinhas lá longe, pensava nas pequenezas da vida.
Daquele tempo, ainda levo o idiossincrático pensamento do meu quarto, meu redutinho tão meu, há quase duas décadas, como uma nave espacial… Hoje isso é quase que tão verdadeiro, ao passo de quando contigo converso…
E, quando contigo converso…
Sinto que aquele terceiro eu cria autonomia plena de meu controle, e vem me aconselhar.
Olhava ao meu olho, massageava a minha nuca, e falava para que eu não expectasse em nada da vida. Com ela. Sem ela.
Amiga(s) que enfim veio participar assim, tão repentina comigo. Hoje vai e vem. Toma formas diversas, identidades diversas. És muitas em uma.
E só percebo o quanto vos faz falta pra mim quando tu, ausente.
E só percebo que suprir essa ausência com futilidades, enfim, é um gigantesco apanágio social.
Mas a grande sorte, a tua (vossa) sorte(s) de ser(es) minha(s) amiga(s), é que, no frigir das contas, tu (vós) me quere(i)s muito bem. Me avisou de que viria a ocorrer. E até ocorreu.
Não vou cantar as glórias das futilidades. Elas são deveras fúteis.
Mas os teus afetos, mesmo em palavras, amiga(s). Ah!… Esses eu levo a título de sonhos lúcidos.
Sophie Ellis-Bextor: Music Gets the Best of Me (from the album “Read My Lips”)