Marisa Monte
Universo ao Meu Redor
[EMI, Phonomotor; estúdio]Resenha por Douglas L. Melo |
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Continuando a dobradinha conveniente de Marisa Monte, a curiosidade posterior por essa dita contraparte se fez por canções como “O bonde do Dom” e pela curiosidade que me impelia, já não tanto quanto antes, das idas a estes e aqueles lugares, em busca de novas coisas… O tempo, por mais dizer, era da pesquisa, chave-motor de meu curso… Um colorido que, na ocasião de escrever estas notas presentes, se me revelou recomeçar, dependendo do meu esforço em conduzir minhas obrigações mínimas, e uma revelação, fantasiosa, de um sonho, das melhoras sobre os empecilhos da rotina.
Num ritmo frenético da vida, parar e prestar atenção, no anterior e neste álbum, é uma dádiva que uma solene pessoa deveria se dar em algum momento da vida…
Setlist
- Universo ao meu redor: há um clima intimista, sim, a exemplo do anterior… Mas o retoque do samba – ah… esse – faz um início de toada bastante interessante.
- O bonde do Dom: a toada da Lapa, uma lembrança de Noel Rosa, e uma voz feminina… A carro-chefe é muito eficaz.
Meu canário: a tristeza cantada de uma forma tão linda pelo cantar do passarinho.
- Três letrinhas: uma baladinha afirmativa, gostosinha de se ouvir…
- Quatro paredes: toda uma orquestração bem trabalhada, um gosto musical bem referendado para se compor. Tranquilo, sim; inovador, não tanto… mas que importa isso? É tão bom.
- Perdoa, meu amor: a gente reconhece, de cara, um bom chorinho para se ouvir – pessoais à parte, me representa nestes dias.
- Cantinho escondido: o apelo intimista de MM, cantado em razão do companheirismo afetivo… Soa discreto, diminuto. Vale destacar o experimentalismo musical de fundo – isto é uma garrafa batucada por uma pequena barra de metal?
- Statue of Liberty: um leve cantar globalizado… ligeiro como a NY.
- A alma e a matéria: soa cristalino, como o tema… E ainda não bastasse, me lembra os tempos de 2005 – uma profecia sinestésica?
- Lágrimas e tormentos: o efeito musical de caixinha de música no início mostra um ímpeto experimental procurando permear toda a musicalidade do álbum. Falar das letras já é ser crítico excessivamente inóspito: tudo conspira perfeitamente a favor de se sentimentalizar com o álbum.
- Satisfeito: algo aqui soa a Chico Buarque – atire a pedra pro samba quem discorde.
- Para mais ninguém: nada que enjoe. No entanto, pensar em algo inovador a este momento seria superestimar a simplicidade do samba, colocá-lo no patamar de outros gêneros que são pressionados a se reinventar dentro de um mesmo álbum… Vamos seguindo, então, na mesma toada com carinho.
- Vai saber?: o refrêgo do combalimento soa aqui tão sereno, com uma estrutura de samba de fim de noite… O barzinho do morro está fechando, já é noite, e me parece que o futuro musical aqui soará tão saudoso.
- Pétalas esquecidas: os tercetos tão bem dispostos nos dispõem a pensar o quão belamente regular foi todo este álbum… Lindo e inesquecível.
Sambinha bom
Fico pensando o quão reducionista é categorizar com estrelinhas…
e 1/2
Por ora, os poucos que ainda hão de ser feitos serão álbuns internacionais… estamos chegando ao fim de mais uma temporada.