Tim Maia
Tim Maia (1970)
[Polydor, estúdio, relançado pela abril coleções]
Interessado em conhecer mais da discografia de Chico Buarque, da qual há muito tempo havia coletado aquele incrível álbum contendo “A Banda”, descubro que a coleção havia cessado nas bancas – com uma periodicidade semanal, acredito que só fãs reais puderam cumprir o objetivo de ter toda a coleção do Chico em mãos – e iniciado esta do Tim.
Pois bem, sempre achei, acima dos contratempos que se puseram na vida do Tim, uma boa pessoa, e um excelente cantor. Numa linguagem simples – longe de até ser simplista – Tim sabe fazer música… Não só pelos hits emplacados, mas pelos lados B, ignorados pela mídia. Os músicos que o acompanharam imprimiram o mesmo sentimento de positividade, seja nas canções de cunho passional, seja nas mais alegres e upbeats.
O resultado se apresenta na forma de – curtos? – trinta minutos recheados de uma mescla ímpar de MPB com soul, bebido direto da fonte.
Setlist
- Coroné Antonio Bento: nítida influência do baião – e a excentricidade do coronel…
- Cristina: o meio caminho entre o soul americano e a nossa MPB – a paixão transpirando a saudade de uma mulher.
- Jurema: a lenda de uma mulher – as influências do soul americano e do tempo de estadia nos Estados Unidos nessa em inglês.
- Padre Cícero: uma minúscula biografia de uma personagem real e típico de nosso nordeste…
- Flamengo: uma pequena brincadeira-homenagem ao (possível?) time de coração do Tim, animada e recheada de uma ovação, digna de estádio.
Você Fingiu: densa, mas cheia de elementos grandiosos: um eco permanente, cordas à vontade, e todo o potencial vocal do futuro Síndico.
- Eu Amo Você: um tema tardio de novela, coral suave, Tim em modo lento e um pronome reto como acusativo, pianinho, cordas e um tema para apaixonados… Eis o sucesso dos primórdios do soul brasileiro?
- Primavera (Vai Chuva): no começo, imaginamos uma sequência que quebra a “melosidade” das anteriores, mas vemos que estamos na parte mais romântica do álbum – inclusive falamos aqui de uma das mais interpretadas…
- Risos: uma atmosfera de ciranda confere caráter único a esta canção (uma candidata a música de roda pro futuro?)
- Azul da Cor do Mar: quem se perguntava onde estão as canções de incentivo, próprias do soul, achará aqui a resposta, nesta canção bem upbeat, que remete às imagens da praia, como o reduto dos sonhos.
- Cristina nº 2: uma reprise, mais acelerada de uma que já, lá no começo, havíamos ouvido.
- Tributo a Booker Pitman: quase um R&B – agrada a quem gosta de quebras de toda a forma, que surpreendam no final… Mostrando a competência de um cantor multifacetado.
Toca na Alma?
O álbum possui o tamanho certo… Nem mais nem menos. Agrada a muitos gregos e a muitos troianos, sejam eles entusiastas dos ritmos brasileiros ou dos importados.
e 1/2