Creedence Clearwater Revival
Cosmo’s Factory
[Fantasy, estúdio]
Como sempre, há alguns álbuns que, mesmo sendo possível ter acesso via download, prefiro possuí-lo em mãos. Por que será?
Bom… Preço é o mais importante, e este era uma certa pechincha, se comparar com outros.
Talvez o que é mais interessante é lembrar as ocasiões que precederam sua aquisição. Como no dia deste, em que, seguindo com uma amiga de faculdade ao metrô, encontramos uma colega minha de teatro e a integração entre ambas se deu de forma muito natural.
Relembrei-me da época de teatro.
Um episódio muito interessante – e até assustador! – foi a ‘zica’ involuntária que outra amiga nossa, uspiana, rogou-nos, dizendo que pegaríamos as composições antigas do metrô, sem voz-padrão de mulher. Fato foi que pegamos mesmo [e é uma pena eu não registrar esses fatos, uma vez que ando munido de câmera de celular por exemplo].
No desencontro da amiga, segui caminho para Osasco, onde me sentia impelido a obter tal álbum em questão. Isso foi ainda por volta da quarta-feira desta semana que passou. A vida em Osasco, descubro, resume-se ao círculo artístico. Fora dele, é só mais uma cidade.
Neste momento, posso dar um retrato fiel do que é este álbum, já que é a minha primeira audição dele. Bom proveito.
Setlist
- Ramble Tamble: uma clara influência da música alternativa da década anterior, das sacadinhas da música country. A variação do ritmo bem pontuada não permite a monotonia destes mais de sete minutos com desenvolvimento instrumental.
- Before You Accuse Me: ah… Uma composição dos cinquentistas do rockabilly. Bo Diddley foi um cara! E a roupagem mais blues encaixa de maneira perfeita aqui.
Travelin’ Band: essa canção justifica o ‘Revival’ no nome da banda! Em pleno início dos anos setenta, eles fazem reviver as melhores sacadas do rock dançante.
- Ooby Dooby: recicle um riff de guitarra dos anos cinquenta aplicando uma distorção que surgiu nos anos sessenta. Misture um refrão chiclete do R&B e voilá.
- Lookin’ Out My Back Door: quando eles não enveredam pelo lado mais swingado, sempre surge um encaixe digno da turma do country. Principalmente pela deixa largada próximo do final.
- Run Through the Jungle: aham! Uma canção de teor pesado…! Que mais falta inventar aqui, além dos mirabolantes tapes?
- Up Around the Bend: jogadores de Guitar Hero, ouvi-nos! Quem já jogou o pequeno aplicativo para celular conhece bem essa. E, sinceramente falando, a versão original SEMPRE é melhor! E alguém reconhece finalmente o vocal vibrante próprio dessa banda aqui?
- My Baby Left Me: é difícil definir o que temos aqui de interessante, porque está tudo em seu lugar. No entanto, o que veio antes aparentemente já superou.
- Who’ll Stop the Rain: outra dúvida – um sucesso comercial quase suicida, ou uma canção tomada impropriamente na sua gestação? O cânone do rock não sabe distinguir a diferença.
- I Heard It Through the Grapevine: essa é comprida. Será que se sustenta? [após ouvir boa parte…] Esta não é uma séria candidata a ser progressiva. Tem um groove psicodélico bem humilde, mas não é tão péssima assim. Dá pra ouvir sem bocejar. Música de final de festa.
- Long As I Can See the Light: já ouvimos de tudo aqui. E pra encerrar com chave de ouro, uma modesta canção de feeling mais contido, com direito a um sopro [eu ouvi um sopro de saxofone aqui?]
Inventivo?
Sim. Tem muita coisa incrível aqui, mas a distribuição do álbum foi um tanto quanto desigual. O álbum começa animado, para terminar normal demais, aprumado.
Creedence Clearwater Revival: I Heard It Through the Grapevine
Preparem-se para um arsenal poético inédito a partir dos próximos dias.