Brian Wilson
Smile
[Nonesuch, estúdio]
Depois de aproximadamente sete meses de hiatos de aquisições musicais, de uma interrupção abrupta de faculdade por motivos já delineados em outras oportunidades, com respeito à saúde mental, recebi como recompensa de meu empenho em me colaborar com minha reabilitação de saúde um rádio do qual colocamos em funcionamento o ouvir músicas sem estar atrelado a um computador, dedicando-se exclusivamente a essa tarefa. Talvez por isso, o presente álbum soe como um deleite, pelo total carinho empreendido nele, carinho este não tão bem administrado desde Toxicity do System of a Down, isso sem falar que, apesar do caríssimo investimento numa material artístico – sobrecapa de CD com afrescos em relevo e encarte em papel rígido, além do compartimento de CD propriamente dito – bastante interessante, os quarenta minutos são preciosas pérolas musicais, coisas das quais eu precisava naquele momento para encontrar um deleite maravilhoso para acreditar na veracidade do mundo [recompondo o sistema cartesiano na época, erroneamente ainda…].
Importa é que este álbum teve uma participação incrível nestes novos rumos que minha vida passou a tomar, e do qual deles pude retraçar necessidades primeiras que, abandonadas desde dois mil e três, vi que deveriam ser seriamente pensadas.
Setlist
- Our Prayer/Gee: os vocais da primeira seção são de assombrar. Os da segunda seção são primorosos, com direito aos outros garotos.
Heroes And Villains: a grandiosidade da instrumentação, as brincadeiras sonoras, as colocações vocais, tudo compete num esquema que eleva a canção a uma das maiores obras-primas dos últimos cem anos.
- Roll Plymouth Rock: numa âncora com a melodia da anterior, o esquema grandioso com a pesada percussão garante alma ao conjunto.
- Barnyard: uma rápida memória à vida da fazenda, com direito a similares dos sons naturais.
- Old Master Painter/You Are My Sunshine: o conjunto duplo quebra toda a rotina, apresentando uma rápida e apreciável canção.
- Cabin Essence: os contrastes essenciais entre as vocalizações em um ritmo comedido e as explosões harmônicas em conjunto com a instrumentação apoteótica.
- Wonderful: evidente a referência em cantigas de roda infantis, mas com a seriedade de uma pretensa e ambiciosa aspiração autoral.
- Song For Children: emendando na sequência, a brincadeira continua ganhando ares na instrumentação, com as vocalizações criando profundidade no espaço musical.
- Child Is Father Of The Man: continuando, agora com o foco no piano e instrumentações mais densas, mas acompanhando o mesmo ritmo imposto no fim da anterior, mais rápido e melhor colocado.
- Surf’s Up: a nítida evolução de Pet Sounds, constatando o quanto a música poderia ter ganho se as ocasiões não houvessem gerado empecilhos.
- I’m In Great Shape/I Wanna Be Around/Workshop: quem já ouviu antes, irá reconhecer acordes familiares na primeira seção; a segunda, composta de uma suave canção; a terceira, um belo experimentalismo.
- Vega-Tables: o melhor exemplo de parlendas modernas estadunidense. Coisas boas para crianças conhecerem.
- On A Holiday: um conto de aventuras musicado, na linha ainda das canções para crianças.
- Wind Chimes: instrumental reduzido à marcação no momento do vocal, mas reforçado no momento em que a voz cede espaço. Conjunto perfeito.
- Mrs. O’Leary’s Cow: a bagunça do princípio cede espaço a uma das mais assombrosas – e belas – orquestrações do álbum, combinadas com os vocais.
- In Blue Hawaii: ora misteriosa, ora melindrosa e up. Simplesmente fenomenal o conjunto obtido.
- Good Vibrations: uma das canções-símbolo do século passado – a instrumentação, a constância, as sobreposições vocais, as marcações de percussão e outros elementos indescritíveis são os que garantidamente fazem com que esta canção – e somado com o fato de estar incluída no material – encerre com todas as honras a audição.
Forte como nunca se viu
Uma obra perfeita em todos os sentidos!
Não estou ouvindo, mas dedico Brian Wilson: Wind Chimes como música da postagem.