
Radiohead
Hail to The Thief
[Parlophone/EMI, estúdio]
É fácil notar, durante o progresso dessa odisséia musical,
que conforme meus rendimentos foram tornando-se mais escassos, busquei
sugestões musicais pouco convencionais, daquelas
que você possa se surpreender por um bom
período de tempo. E que, passado algum tempo sem ter contato com ela, redescubra coisas incríveis. Com este sentimento,
adquiri – a um salgado preço, deveras – a então inédita obra do Radiohead, superestimada pelo menos entre os roqueiros menos
exigentes. Será que foi tudo isso, afinal? Talvez dez anos mais, possamos saber
o impacto dessas opiniões.
E esta foi uma escolha difícil,
já pelo fato do desembolso, da possibilidade de arrependimento – convém
declarar aqui que outros experimentalismos anteriores não foram bem-sucedidos –
e de outras inconveniências que se me afiguraram no momento. Superadas, no
entanto, deleitei-me quando pude a ouvir com carinho a obra.
E cada faixa mostrou-se surpreendente
para mim. Falavam tanto de OK Computer, de autoria da mesma banda. E,
pelo comprovado, os lances mirabolantes deste álbum eram tão evidentes o quanto
fosse possível. O arrependimento é nulo até
o presente momento. E, posso arriscar, sentiria falta
de adquiri-lo, buscando faze-lo o quanto antes fosse possível, caso naquela
época não o tivesse obtido.
Setlist
2
+ 2 = 5 (The Lukewarm.): defeito da faixa? Não. É intencional.
Uma extensão do OK Computer, mas com ares de canção de protesto.- Sit Down.
Stand Up. (Snakes & Ladders.): explorações instrumentais
evidentes – é impressão minha, ou temos um apelo psicodélico ao melhor estilo
da banda? - Sail to the
Moon. (Brush the Cobwebs out of the Sky.): um elemento bem
colocado no conjunto – o teclado – conjuntamente com uma suave melodia vocal. - Backdrifts.
(Honeymoon is Over.): como a banda consegue fazer uma levada
pop com instrumental eletrônico e terminar com um resultado completamente
diferente? - Go to Sleep.
(Little Man being Erased.): um novo elemento – acústico –
confere suntuosidade a essa obra-prima, mesclado com ataques de guitarra e
outras coisinhas diversas. - Where I End and You Begin. (The Sky is
Falling in.): mais experimentalismos – na cadência do ritmo,
nos elementos musicais adicionais – com mais tradicionalidade – o vocal que não
modifica muito – mas ainda mantém a linha contestante do álbum. - We suck Young
Blood. (Your Time is Up.): não esperávamos algo tão tenebroso
assim… - The Gloaming.
(Softly Open our Mouths in the Gold.): finalmente, os
experimentalismos mais extremados foram tragos à tona, em todo o conjunto da
obra. - There there.
(The Boney King of Nowhere.): a percussão latejante e gigante
dá mostras de uma nova obra-prima. E nisso ela acerta. - I Will. (No
man’s Land.): um teclado e vocais – algo que destoa a essa
altura do álbum. Por sorte, o “quase estrago” é breve. - A Punchup at a Wedding. (No no no no
no no no no.): algo de mais alegre no álbum [Espera! Existem
coisas alegres em se tratando desta banda?]. - Myxomatosis.
(Judge, Jury & Executioner.): comicidades – e mais
experimentalismos! - Scatterbrain.
(As Dead as Leaves.): com ares de romântica, bem ao estilo da
banda. - A Wolf at the Door. (It Girl. Rag
Doll.): embora menos experimental, o apelo do lírico pelo
protesto eleva a música a uma condição digna de encerrar bem um bom álbum.
Ortodoxo?
Nem um pouco…
e ½