R.E.M.
In Time: The Best Of R.E.M. 1988 – 2003
[Warner, coletânea]
Estamos já num momento de 2004 em que as coisas eram consideradas divertidas, e o clima pesado do início do ano se dissipava aos poucos. Os trabalhos estavam fluindo por todos os lados, e as expectativas sobre os tempos vindouros estavam abrandando. Assim era o quadro pessoal quando da aquisição deste álbum.
Este, em específico, faz-me lembrar de uma colega que tinha, nesse período, algumas aspirações absurdas e pretensiosas demais para uma estudante de ensino médio – embora, convenhamos, ela podia realizá-los e muito bem -, mas acima de tudo, é alguém em que podemos depositar confiança notável. Lembranças a ti, Fernanda.
Bom… Deixemos de pessoalidades, e tratemos do trabalho em si. O R.E.M. é uma daquelas bandas que sempre dá gosto de ouvir em todos os momentos, sem deixar-nos abatidos nem enfadados com suntuosidades, nem esperançosos por causa de um repertório limitado: eles sempre se reinventam.
Um notado detalhe nesta coletânea é que são considerados apenas os destaques da banda na era da gravadora em questão. Há uma fase, anterior e ainda mais criativa, que muito bem podia estar contida nesse álbum, recheando ainda mais nosso paladar trovador.
Setlist
- Man On The Moon: primorosa balada, com todas as suas nuances.
The Great Beyond: como pode uma canção ser tão alegre e melancólica ao mesmo tempo?
- Bad Day: a complexidade lírica desta canção é notável. Uma prova evidente da capacidade da banda.
- What’s The Frequency, Kenneth?: mais uma vez, toda a pomposidade despretensiosa em fazer canções alegres.
- All The Way To Reno: contrapesos bem definidos, constituindo uma obra leve.
- Losing My Religion: a levada acústica e os bandolins são fatores determinantes neste lugar-comum da banda.
- E-Bow The Letter: a canção mais complexa, mais zen e, não por isso, menos merecedora de elogios.
- Orange Crush: um convite irresistível a se animar.
- Imitation Of Life: ode à alegria do século XX.
- Daysleeper: suave, muito suave… quase de ninar.
- Animal: a atmosfera instrumental grandiosa junto a um lírico simples resulta numa perfeita sincronia musical.
- The Sidewinder Sleeps Tonite: o potencial vocal de Michael Stipe é posto à prova nessa canção – e acaba por sair dele aprovado.
- Stand: comparável a uma alegre cantiga de roda, pela cadência ritmada e pelos ímpetos de alegria.
- Electrolite: uma balada padrão, mas que desmerece em nada frente a todo o conjunto dantes apresentado.
- All The Right Friends: uma rápida e efusiva tacada de mestre, em se tratando de músicas para animar.
- Everybody Hurts: eles também sabem fazer românticas baladas expurga-males.
- At My Most Beautiful: piano, leve percussão e um discreto uso do vocal – receita perfeita que a banda também sabe fazer.
- Nightswimming: outra receita contendo piano, encerrando longos setenta e cinco minutos de uma seleção musical bastante equilibrada.
Complexo e Criativo
Seleção perfeita. Mas, por ser uma seleção…
e 1/2