David Bowie
Best of Bowie
[EMI, coletânea]
E embora você seja aquela pessoa correta nos moldes tradicionais da história, aqueles impostos pela sociedade, há algo em você que clama por se manifestar: é a tal chamada identidade.
[Não que eu diga: desejo ser um Bowie da vida. Mas há certas coisas que precisamos nos permitir em determinados momentos para que o futuro não nos reserve transformações excessivas e prejudicialmente permanentes.]
Não é tão referente ao álbum em questão, mas em um ponto da minha vida, quis ser único e imprimir uma marca pessoal no mundo. E achei numa androgenia semelhante a de Bowie [em certos pontos] um escape para a personalidade. Já falei, por acaso, das correntinhas que carregava nas minhas calças dins, únicas, que carregavam bijouterias femininas [e não, eu não as vendia, as comprava e ganhava]. Talvez um manifesto de aproximação com as mulheres? Quem sabe! Eu não me lembro a razão correta.
E, embora sabemos que a androgenia da matriz em questão foi apenas uma fase na vida deste camaleão da música, nós notamos o quão influente este sujeito tão ímpar foi para a música.
E, em comentários à parte, foi o que me levou a conhecer grandes gênios da música como o assumidamente excêntrico Elton John dos anos setenta.
Setlist
- Space Oddity: a era do espaço bem definida no melhor esquema art rock.
- Changes: aqui começa a fase mais própria e famosa do sujeito em questão. Os pianos conferem todo o clima.
- Life On Mars?: idem. Com mais feeling.
- Starman: a pegada acústica confere um clima de passionalidade, tanto na original quanto em posteriores versões, como a nossa Astronauta de Mármore.
- Ziggy Stardust: inexplicável… Afinal, é progressivo, é para metal, glam ou o quê?
- John, I’m Only Dancing: talvez uma fórmula cronologicamente batida para Bowie.
- The Jean Genie: a saída da fase de deprê está em grande efusividade…
- Rebel Rebel: e o manifesto, ora andrógino, ora homossexual, denota uma característica dos pertencentes ao subgrupo alternativo do rock: a contestação.
Young Americans: reviver o sentimento de anos dourados conferiu uma bela canção com coro e sopro de sobra, com um único problema: versão editada para single neste álbum.
- Fame: a canção sobre a fama, com uma palhinha de Lennon, tem um ar psicodélico…
- Golden Years: já não estamos mais na fase de evidência de Bowie, mas ele continua se reinventando.
- Sound And Vision: a voz madura dos dias atuais começa a sobrepor a alegre e efusiva voz glam do passado.
- "Heroes": um David Bowie puramente ortodoxo e alternativo.
- Ashes To Ashes: uma tentativa frustrada de resgatar o sentimento glam de tempos passados, com sucesso apenas na musicalidade.
- Fashion: os acertos a partir dessa fase de Bowie só se darão em experimentalismos como esse.
- Under Pressure: será devidamente comentada na coletânea do Queen, o qual faz parceria nesta canção.
- Let’s Dance: novos horizontes que Bowie traçou nessa fase foram um chute cego que chegou a gol. A canção só perde por estar na versão reduzida nesta coletânea.
- China Girl: a parceria em letra com Iggy Pop rendeu bons frutos: para Bowie, para Pop e para o público.
- Thursday’s Child: já em um momento de consagração, e musicalmente amadurecido, Bowie faz música pela simples diversão de fazer.
Plenamente Representativa?
Pelo currículo de Bowie, uma coletânea é insuficiente para expressar toda uma carreira. Soma-se o fato de se enxugar oito canções para caber 19 em um CD…
Ainda se saiu bem a coletânea.