Um Número de Sorte (e um Sapo de Cabeceira)
"Certas vezes, consulto o sapo de cabeceira que está guardado dentro do meu armário, acima de minha cabeça: às vezes acredito que ele possa ser bem expressivo sem precisar dizer alguma coisa.
Lógico, eu sei que ele é um sapo de pelúcia, mas quando dispomos de vivificá-lo em nossas idéias, ele passa a ter uma razão de se expressar. Está mais para um reflexo de mim conversando comigo mesmo, materializado no elemento sapo.
O sapo tem um conteúdo filosófico muito grande… é como a caveira na mão de Hamlet, só que sem a manifestação de insanidade (sana) do tal.
Olhar pro sapo, na verdade, é buscar fuga em um objeto inanimado que pouco tem para se preocupar com seu futuro, mesmo nós sabendo que o tempo é implacável com ele também… mas ele tem seu lugar garantido como guru filosófico, como quer que seja."
"Décimo Terceiro capítulo desta saga filosófica e literária que é este projeto ambicioso de um diário de memórias e sentimentos momentâneos… meu próprio psicanalista pessoal que condiciona minha razão para a crítica pessoal e minha emoção para o equilíbrio pessoal.
O Treze, pessoalmente, não tem conotação azarenta para mim. Somando-se seus algarismos, obtemos quatro, dia do meu nascimento. Quatro este, que pessoalmente indica um quê de transformação, de novidade, despretensão. Embora indique alguma regularidade – o dobro de dois, o quadrado de dois – o quatro possui uma elementaridade que me faz sentir-me alvo de uma singularidade que todo dia mantém em mim uma sensação de unicidade de mim mesmo, como quem precisa se diferenciar para, no muito, existir como sujeito.
Já o três tem uma conotação de pluralidade e disciplinaridade, apesar de seu formato irregular – é um número ímpar – representa, a mim, filosoficamente, a ordem, organização e tem um quê de formalidade [em épocas controversamente complicadas para mim, impliquei negativamente com esse número] e é sinônimo de natureza, do que é natural.
E somando o três com quatro, temos sete, que classicamente, dá sorte. E é, para mim, a convivência pacífica do ordenado com o revolucionário. Mas, no verídico da palavra, qualquer número tem sua importância, desde que exista [até o zero tem suas especifidades]."
Bob Dylan em seu acústico: The Times They Are A-Changin’
E sem muitos sapos na cabeça.